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EPISÓDIO — 1 / 26:30

À frente, um homem branco de cabelos e olhos pretos, com barba e camisa estampada. Ao fundo, uma parede branca

Design, acessibilidade e conscientização da inclusão

Fernando Fernandes • UX Research

Neste episódio, falamos da produção acadêmica em design, projeto para inclusão de back-end exclusivo para PCDs e recomendações para adesão de um cenário mais inclusivo dentro das empresas.
Detalhes

Seja bem-vindo ao Foco Acessível, o podcast que leva até você as últimas novidades em acessibilidade, diversidade e inclusão na tecnologia. Em nosso primeiro episódio, vamos explorar como a acessibilidade e o design podem impactar não apenas o negócio das empresas, mas também a vida das pessoas.

Nosso convidado especial é Fernando Fernandes, UX Research na Thoughtworks, que traz suas experiências no Projeto Inclua, um projeto que trouxe impactos significativos para a vida das pessoas envolvidas e ganhos para a empresa no desenvolvimento do projeto. Além disso, ele vai compartilhar conosco suas experiências em jogos de cartas voltados para pessoas com TEA e dicas valiosas para nós.

Junte-se a nós nesta conversa inspiradora e informativa sobre o futuro da tecnologia acessível! E não se esqueça de acessar os links e à transcrição desta conversa e nos seguir nas redes sociais: Instagram, Twitter, Facebook e TikTok. E se você tiver alguma sugestão ou feedback, adoraríamos ouvir de você - participe e contribua para tornar o mundo um lugar mais acessível e inclusivo para todos.

Biografia do especialista

Há mais de 10 anos atuando como designer em produtos e serviços com foco em pesquisa, UX, jogos, acessibilidade, inclusão e diversidade, além de ampla experiência exercendo funções de liderança em projetos e times.

Mestre em Design, Ergonomia e Tecnologia pela UFPE. Possui foco em pesquisa, acessibilidade e estratégia. Direciona, também, seus estudos ao desenvolvimento de jogos para pessoas com deficiências.

Edição do episódio: Victor Souza

Wagner Beethoven: Olá, muito obrigado por se juntar a mim neste primeiro episódio do Foco Acessível! Este episódio é parte do meu projeto de TCC em Design de Interação para Artefatos Digitais da Cesar School.

Me chamo Wagner Beethoven, sou designer e pernambucano e a mais ou menos uns 10 anos me dedico ao estudo de acessibilidade, diversidade e inclusão digital.

Este podcast, o Foco Acessível nasce dessa vontade de compartilhar minhas experiências e a de outros profissionais que trabalham com tecnologia assistiva, diversidade e inclusão com todo mundo que estiver do outro lado ouvindo.

Estou super empolgado para conversa sobre esses assuntos com vocês e a cada novo episódio, um especialista será convidado para compartilhar suas experiências.

Antes de me iniciar o bate-papo, vou me autodescrever: sou um homem gordo de 37 anos, tenho pele branca, cabelo castanho escuro e curto, barba de tamanho médio com diversos pelos grisalhos. Estou vestindo uma camisa preta, óculos para correção de miopia e um headset com fio e microfone.

O Foco Acessível está nas principais plataformas de podcast, para saber quais e ainda ter acesso a todo o nosso material, basta acessar o site, focoacessivel.github.io, Github se escreve G-I-T-H-U-B.

No site estará os episódios com transcrição e links para tudo que foi falando durante a conversa, além do espaço para comentários, lá também dá para você na inscrever para receber no conforto do seu e-mail todas às vezes que um novo episódio estiver disponível.

Agora que os avisos já foram dados, neste primeiro programa, quem está comigo é uma pessoa muito especial, um profissional com a produção acadêmica de mercado muito interessante.

Vou apresentar um pouco sobre nosso especialista convidado: Fernando é um UX Designer com mais de 10 anos de experiência em diversos campos do Design. Possui experiência em companhias desenvolvendo artefatos digitais e não digitais, realizando facilitações e exercendo funções de liderança em projetos e times. É especialista em Design de Interação para Artefatos Digitais e Mestrando em Design, Ergonomia e Tecnologia pela Universidade Federal de Pernambuco. Possui foco em pesquisa, acessibilidade e estratégia, além de também direcionar seus estudos ao desenvolvimento de jogos para pessoas com deficiências.

Agora que todo mundo já sabe quem é o nosso convidado, que seja muito bem-vindo, Fernando. E antes de qualquer coisa, faça a sua autodescrição para a nossa audiência.

Fernando Fernandes: Olá, me chamo Fernando Fernandes. Prazer todos todas e todes, sou um homem branco de cabelos curtos e pretos, olhos pretos, possui uma barba rala, estou usando óculos de armação redonda na cor marrom e vestindo uma camisa na cor preta. Estou sentado e o fundo atrás de mim é de uma parede branca com uma janela à direita. Atualmente, eu atuo como liderança no programa em Inclua, que é destinado a fomentar a cultura da inclusão de pessoas com deficiências e da acessibilidade na Thoughtworks Brasil. E também estou terminando meu mestrado em design, ergonomia e tecnologia na UFPE. É um prazer estar aqui contigo, Wagner.

Wagner Beethoven: Como você está? Porque estou muito nervoso, mesmo com bastante experiência falando em público e sobre tecnologia, falar para quem eu não estou vendo muito novo para mim. Além da expectativa enorme porque acessibilidade é um tema que eu adoro conversa e que se dependente de mim essa nossa conversa seria muito longa, mas eu sei que a gente não tem tanto tempo para isso.

Estou bem, estou tranquilo. O dia amanheceu um pouco frio, então coloquei uma roupa um pouco mais quente hoje estou bem.

Wagner Beethoven: Para iniciar nossa conversa, como é que se deu o seu contato com Acessibilidade dentro do Design e o te que trouxe o interesse em estudar e produzir sobre a ótica acessível?

Fernando Fernandes: Bem, é meu primeiro contato. Surgiu por meio de uma disciplina sobre Acessibilidade na especialização de Design de Interação para Artefatos Digitais. Naquele momento, a temática me encantou e me levou a produzir um artigo sobre Acessibilidade em jogos mobile para pessoas cegas. A partir de então, eu não parei mais de pesquisar o tema e um tempo mais tarde eu pude lecionar uma disciplina de design inclusivo e acessível em uma escola técnica estadual em Recife, por imprensa maravilhosa, pois pude perceber o interesse dos adolescentes pelo tema. Recentemente, o meu interesse pela temática me direcionou ao mestrado e pode pesquisar sobre recomendações de Acessibilidade voltadas para pessoas dentro do espectro do autismo em jogos de cartas.

Wagner Beethoven: Muito bacana esse seu primeiro contato. Ainda sobre essa parte acadêmica. Você pode de compartilhar um pouco como está sendo a produção desse projeto, desse trabalho de mestrado e como é trabalhar com pessoas com transtorno do espectro autista?

Fernando Fernandes: Claro, claro. A produção está em sua fase final e este mês de abril irei realizar a defesa da dissertação. Durante a pesquisa, encontrei algumas lacunas e oportunidades que serão possíveis de explorar no futuro doutorado. A minha intenção é poder expandir a investigação para outros grupos de deficiências. Trabalhar com pessoas dentro do espectro do autismo foi bastante desafiador, porque é um universo totalmente diferente do meu, e há muitas particularidades, individualidades e me fizeram ter um outro olhar sobre as percepções humanas, o modo de processamento cognitivo, os modos de agir. Então foi uma experiência enriquecedora.

Wagner Beethoven: Maravilha, então os próximos passos na parte acadêmica é um doutorado voltado para acessibilidade?

Fernando Fernandes: Exato. Focado em jogos. E a minha intenção é aprofundar mais essa temática.

Wagner Beethoven: Agora a gente parte para bloco sobre o mercado de tecnologia.

A academia e o mercado têm estreitado muito em relação acessibilidade, inclusão e diversidade, porém a academia tem dado passos largos em estudo da acessibilidade e a inclusão, mas no mercado a gente ver uma lacuna grande na aplicação de boas práticas. Em 2020, uma pesquisa da BigDataCorp em parceria com o Movimento Web para Todos com aproximadamente 17 milhões de site ativos no Brasil, apenas 0,89% tiveram sucesso em todos os testes de acessibilidade. Por que você acha que o mercado ainda encara a acessibilidade, a inclusão como extra em seus projetos e não como obrigação que deve ser?

Fernando Fernandes: Acho que se há um desinteresse das empresas em trabalhar com Acessibilidade. Ela parte da ignorância em relação aos são inclusão e acessibilidade. A partir do momento em que essas temáticas passam a ser expostas com mais frequência nas empresas, as pessoas percebem o valor de se investir. Empresas que possuem programas para a entrada de pessoas com deficiência, por exemplo, são beneficiadas pelo enriquecimento de sua cultura interna. Companhias que desenvolvem soluções pensando em Acessibilidade desde o início da jornada de produção, conseguem alcançar mais clientes, revertendo no aumento de capital, por exemplo, ainda são poucas as empresas que se atentam com a importância dessa acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiências, mas é um número que aos poucos está crescendo. Está crescendo mundialmente, inclusive, e quem não ficará atento a essas mudanças vai perder mercado e vai ficar para trás.

Wagner Beethoven: Infelizmente a gente precisa focar no lucro trazidos por essas práticas ao invés da conscientização de pessoas, de profissionais e de empresas na construção de produtos digitais acessíveis.

A pesquisa em Design em diversos locais tem pouco protagonismo dentro de um processo de construção de produtos digitais. Atuando no papel de pesquisador, UX Research, como se dá o desenvolvimento de pesquisas?

Fernando Fernandes: Então, é do ponto de vista da Acessibilidade, é bastante desafiador, é ainda é difícil conseguir realizar entrevistas e pesquisas de modo geral, com pessoas com deficiências, mas especificamente num projeto em que eu estou inserido é diferente, porque é focado em pessoas com deficiência e eu tenho abertura para realizar os processos de pesquisa com esse público. Interessante contar também com ferramentas que sejam acessíveis, pois permitem que diferentes pessoas consigam responder as tarefas, os formulários, participar de dinâmicas típicas de pesquisa, mas para alguns casos é fundamental contar com outros recursos acessíveis, como presença de intérpretes de libras em momentos com pessoas surdas. Proporcionar diferentes abordagem para pessoas neuro-diversas. O mais importante e necessário que eu percebo é conhecer a fundo e previamente o público que se está pesquisando.

Wagner Beethoven: Deve ser um desafio enorme, porém muito gratificante, mas deve ser muito bom saber que você está trabalhando numa coisa tão inclusivo, um cenário muito propício para criar inovação.

Fala-se muito sobre o designer ter sempre esse olhar acessível desde o início da jornada acadêmica, fala-se sobre empatia, sobre o usuário, mas outras áreas da tecnologia, ainda é muito obscuro esse assunto. Quais são os principais desafios enfrentados no desenvolvimento de produtos acessivos e como são projetados e executados testes para essas pessoas com deficiência?

Fernando Fernandes: Então, pessoalmente é maior desafio é desenvolver soluções que contemplem a maior variedade possível de necessidades sem ter recursos e tempo suficiente para testá-los. Obviamente que conhecer bem o público que irá utilizar o artefato é fundamental e meio caminho andado para resolver, para desenvolver produtos acessíveis e que realmente atendam às necessidades específicas., mas, por melhor que seja uma pesquisa, testar o produto é obrigatório.

Como é que a gente pode pensar em acessibilidade sem testar com pessoas com deficiências. E pra se fazer testes, precisa de tempo e recursos abeis, o que não é muito fáceis de se conseguir.

Em relação às ferramentas e técnicas para, por exemplo, testes de usabilidade, como designer, eu utilizo as mesmas ferramentas típicas para qualquer teste. A diferença é que eu realizo meu dever de casa de conhecer bem o público que irá realizar os testes e planejo seções para que sejam as mais acessíveis possíveis. Após pesquisar sobre o público, eu converso com os participantes. Estudo quais são os recursos acessíveis que podem ser disponibilizados nas seções.

Por exemplo, se são pessoas testadora, surda, eu viabilizo a presença de intérpretes de libras para facilitar a comunicação, é, para pessoas cegas, eu disponibilizo computadores ou celulares com leitores de tela, mas que já foram solicitados no primeiro contato e assim sucessivamente. No mais, os testes, eles ocorrem da mesma forma. Não é com uma típica.

Wagner Beethoven: Dessa tua fala, o que a gente tira como maior lição: planejamento e preparo para os testes.

Eu não sei se você tem esse costume, quando estou utilizando um produto, abra o leitor de telas, analiso a hierarquia da informação, principalmente para entender como outro profissional construído a solução, vejo contraste das cores, abro o console para entender a estrutura da aplicação, mas falando de ferramentas e técnicas, quais são os critérios que você utiliza para analisar e avaliar a acessibilidade de um produto ou serviço digital que você desenvolve? Como é que se dá essa visão do processo?

Fernando Fernandes: Os critérios que eu utilizo para avaliar a acessibilidade de produtos digitais são geralmente WCAG. Especialmente as versões mais novas, de 2018. E a partir dos níveis estabelecidos, eu consigo avaliar, por meio de ferramentas. Qual ferramentas digitais. Qual é situação de Acessibilidade de um artefato digital. Especificamente em jogos digitais, eu costumo utilizar a Game Accessibility Guidelines, que também são baseadas nas diretrizes da WCAG, mas tem vieses para jogo. E que demandam outras questões, como mecânica, narrativa, interação etc.

Wagner Beethoven: A gente sabe que é esse processo de aceitação da inclusão e acessibilidade é muito lento, mas como é a promoção de uma cultura mais inclusiva e acessível em tecnologia dentro da empresa ou junto de profissionais que não tem essa mentalidade?

Fernando Fernandes: É uma tarefa árdua, pois é uma construção lenta e nem sempre os resultados são imediatos. Eu diria até que são de médio a longo prazo.

Eu tenho a sorte de trabalhar em uma empresa que leva muito a sério, temas como uma acessibilidade, inclusão de pessoas com deficiências, sobretudo no mercado com a tecnologia, há conversas e ações diárias sobre as temáticas. Mesmo assim, por ter uma estrutura grande e complexa não é fácil e leva tempo para engajar o número considerável de pessoas. Na causa. Mas quando você observa que os esforços estão surtindo efeito, você percebe que a luta diária valeu a pena. Mas só que essa luta é constante, ela é contínua.

Wagner Beethoven: Agora a gente vai falara sobre teu atual papel na Thoughtworks, que é uma empresa que levanta a ideia da diversidade e da inclusão muito grande, hoje atuando como um pesquisador, como é trabalhar num cenário tão inclusivo, diverso e acessível?

Fernando Fernandes:

É empolgante, mas é igualmente desafiador. É empolgante porque há diversas conversas acontecendo paralelamente, em que você pode perceber o compromisso real das pessoas com a temática. Da acessibilidade, da inclusão de pessoas com deficiência e também desafiador, porque há questões bastante complexas de se resolver quando se envolve uma empresa de grande porte e com pessoas tão diversas para discussões de todos os tipos, em diversos níveis e em setores diferentes, o que é bom porque mais pessoas se interessam sobre o tema, da acessibilidade, mas a gente sabe que ainda há muito o que aprimorar e é um aprendizado constante.

Wagner Beethoven: Bom, agora quero falar do teu carro chefe, o Inclua. Programa de desenvolvimento back-end exclusivo para pessoas com deficiência. Você pode compartilhar um pouco de como foi a concepção do projeto e alguns números de impacto desse programa de especialização profissional?

Fernando Fernandes: Clara, claro.

O processo foi longo, foi complexo demais, mas foi muito recompensador. Na verdade, ainda é, é porque o programa se mantém. Inicialmente, a gente partiu de um dado que a gente obteve do Censo de 2010, que é um dado muito alarmante que aponta que dos quase 46 milhões de brasileiros que declararam ter algum grau de deficiência, apenas 1% está formalmente empregado.

Pensar em inclusão é, sobretudo, uma questão social e de integração plena de pessoas com deficiência. Aí com o intuito de a gente amenizar esse , foi criado o Programa Inclua, que visa fomenta a cultura da inclusão por meio da capacitação técnica e da contratação de pessoas com deficiência no mercado da tecnologia, oportunizando maior competitividade no processo seletivo da Thoughtworks e no mercado de trabalho.

Internomente o programa, ele se propôs a sensibilizar, preparar as pessoas, os projetos e as áreas para receber de forma inclusiva e não capacitista as novas contratadas com deficiências, mas para isso, necessário realizar diversas pesquisas para entender questões como a gente identificou, tendência de crescimento nas demandas pela inclusão de pessoas com deficiência no mercado a tecnologia, também identificamos a necessidade de treinomentos dentro dos times da Thoughtworks. E daí e surgiu dentro da Thoughtworks o desejo de tornar-se uma empresa referência na inclusão de pessoas com deficiência. A gente fez uma preparação interna gigante.

Fizemos treinomentos de conscientização palestras anticapacitismo, definição da estrutura do programa, construção do edital da campanha de comunicação e reestruturação dos sistemas, processos, documentos internos pensando em acessibilidade para melhor receber essas culturas contratadas.

Aí, a partir disso, a gente lançou o programa. A gente abriu as inscrições para a primeira turma de capacitação exclusiva para pessoas com deficiências e o resultado foi além do que a gente imaginava. A gente teve o maior número de interações nas redes sociais, né da Thoughtworks e o número de inscritos excedeu em quase o dobro da meta que a gente estipulou. E após essas fases, de inscrição e seleção, houve um rigoroso processo seletivo. Várias fases e também foi definida essa primeira turma, que contou com 34 pessoas com diversas deficiências. E, além disso, houve diversidade de gênero, racial, com experiências com tecnologia. Outras pessoas que não tinham qualquer contato profissional com área de tecnologia e depois de 5 meses de curso e de mais uma etapa da seleção, houve a contratação de pessoas formadas em back-end Java e essas pessoas abrangiam todos os grupos de deficiências. E com isso a Thoughtworks, ela conseguiu ampliar o seu papel como uma empresa de tecnologia responsável, visando solucionar desafios, encontrando oportunidades para geração de ambientes, processos, práticas e ferramentas éticas e inclusivas.

Wagner Beethoven: Muito legal todo esse processo, quando o programa foi lançado, eu vi nas redes da TW um orgulho muito grande do resultado, deve ter sido muito bom para todo mundo que participou e é muito bacana que projetos como esse tenham sido feitos aqui no Brasil.

Estamos chegando ao fim da nossa conversa, mas antes da gente terminar se puder, gostaria de pedir recomendação de filme, livro, profissionais, teóricos ou especialistas para quem estiver nos ouvindo fique de outro.

Fernando Fernandes: Há sim, com certeza. Eu gostaria de trazer 2 livros de que eu acho bem interessantes, que um é o “Manual anticapacitista: o que você precisa saber para se tornar uma pessoa aliada contra o capacitismo”, que é da Carolina Ignarra e do Billy Saga, que é um livro que reúne vivência de 2 pessoas em cadeira de roda e que são ativistas pelos direitos das pessoas com deficiência. Esse livro também traz dados estatísticos e o panorama sobre pessoas com deficiência no Brasil, leis etc.

O segundo livro é “Autobiografias no autismo”, que é de Marina Bialer. Esse livro, ele traz relatos de lei, de blogs, sites e livros de pais e mães, e também de pessoas dentro do espectro do autismo. Ela, essa obra eu acho incrível, a utilizei bastante para minha dissertação no mestrado. E ela permite que nós, que não estamos dentro do espectro do autismo, possamos entrar na vida assim, no contexto de pessoas autistas e suas famílias.

Falando assim é de jogos e de forma mais acadêmica, em ponto de vista da produção, eu trouxe 2 exemplos de iniciativas, que promovem recomendações de acessibilidade para jogos.

Uma Game Accessibility Guidelines, que eu falei lá um pouco antes. Que é uma iniciativa é formada por diversos profissionais ao redor do mundo, que desenvolve recomendações de Acessibilidade para jogos. Essas recomendações são subdivididas em grupos de deficiências, níveis de acessibilidade, básico, intermediário e avançado, bem parecido com WCAG e tem também a AbleGamers, que é uma iniciativa que visa criar oportunidades para viabilizar diferentes meios de jogar videogame e combater o isolamento social.

Ela foca no apoio a pessoas com deficiência na promoção de ações e também tem as suas próprias recomendações da acessibilidade para jogos que a é APX.

Um canal de YouTube que eu gosto muito, que eu adoro, é de Steve Saylor, que é o @Steve Saylor, que é um rapaz com deficiência visual e ele joga e comenta sobre problemas a respeito dessa acessibilidade em jogos digitais, recentemente ele se tornou também um consultor de jogos, de acessibilidade para jogos.

E por último gostaria de recomendar um pesquisador da UFPE, que é o professor Francisco Lima, que é do centro de educação. Ele, além de ser uma autoridade Internacional sobre Acessibilidade, inclusão de pessoas com deficiência, ele produz muito material, muitas pesquisas, projetos e a pessoa incrível extremamente solicita, incrível ele.

Wagner Beethoven: Eu não sabia que o Steve Taylor tinha continuado com o trabalho. Eu o conheci ele vendo um vídeo que viralizou dele muito emocionado por que conseguiu jogar The Last of Us 2.

Fernando Fernandes: É incrível esse vídeo. Porque ele pela primeira vez, ele consegue jogar de forma plena, independente e autónoma um jogo digital.

Wagner Beethoven: Sou muito suspeito para falar sobre o Francisco, é muito inspirador tá por perto dele e acompanhando o que ele produz. Me lembro da primeira reunião que tive com ele em 2015, mais ou menos, sobre o Enades, que foi um encontro de audiodescritores que aconteceu em Maceió, já na primeira conversa com ele, sai com a cabeça explodindo de tão magnífico os pontos de vista que ele trouxe sobre acessibilidade e inclusão.

Fernando Fernandes: Sim, demais. Ele é uma pessoa incrível. A gente conversa bastante e já participei de um curso sobre é acessibilidade para jogos que ele promoveu na UFPE. Ele é maravilhoso.

Wagner Beethoven: Antes de finalizar nossa conversa, gostaria de deixar o espaço para você compartilhar as últimas palavras nesse episódio.

Fernando Fernandes: O que eu tenho a dizer é: pense em acessibilidade desde o primeiro instante. Quando ela é levada em consideração já com planejamento do processo de desenvolvimento da solução, é mais fácil implementar. E o seu projeto se torna mais rico, mais completo.

Outra dica que eu gosto de falar é sempre inserir pessoas com deficiências nos processos de desenvolvimento de um projeto. Por mais que você estude, pesquise, nada é melhor do que contar com os testes, com a opinião de quem vive 24 horas com deficiência, é os pontos de vista, as proposições. Estão por muitas vezes além do que as pessoas sem deficiência podem imaginar.

No fim, uma coisa é certa, seu projeto só tem a ganhar em qualidade.

Wagner Beethoven: Massa Fernando, muitíssimo obrigado.

Fernando Fernandes: Muito obrigado. Agradeço demais o convite tem maior a falar um pouco aqui e vamos juntos construir um mundo mais equitativo e responsável socialmente.

Wagner Beethoven: E para finalizar esse primeiro episódio, caso você esteja acompanhando através de plataforma de streaming, avalie o Foco Acessível com 5 estrelas. Essa avaliação faz com que a gente alcance mais e mais pessoas. Além do feedback nas plataformas, você pode mandar a sua opinião e dúvidas para o nosso convidado por texto ou por áudio, para o nosso e-mail, focoacessivel@gmail.com ou preferir faça os comentários do site ou nas redes sociais: Instagram, Twitter, TikTok e Facebook e não esqueça de nos seguir por lá.

Muito obrigado para quem ouviu até aqui. Estamos em diversas plataformas de podcast e acesse o endereço focoacessível.github.io para obter mais detalhes.

Lembre-se, Acessibilidade é um assunto que cedo ou tarde, vai impactar sua vida.

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